aproveitando a segunda chance
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quinta-feira, outubro 21, 2010
50 dinheiros
Cinqüenta mil Reais é o que a Justiça Federal do meu país sentenciou à empresa de ônibus Estrela Azul a pagar como indenização por danos morais por terem me atropelado e como conseqüência amputado minha perna direita.
Muito obrigado, Dona "Justiça"...
Postado por Antonio Bordallo às 10:28 PM
sábado, janeiro 30, 2010
De repente...30!!!
Na década que nasci (80’s), o pessoal de 30 anos já era considerado relativamente velho, e por isso talvez que não consigo desvencilhar essa imagem de um “velho” que curta as coisas que eram de gente jovem (e mesmo crianças somente) naquela época, como videogames e coisas do gênero. E aí já não sei se sou um jovem senhor, um rapaz de 30 anos (que à medida que o tempo for passando, vai acabar virando um eufemismo) ou o que diabos sou. Posso dizer que, a primeira vez que eu senti essa minha idade pesar foi quando, ao falar com a responsável de uma equipe de remo essa semana, ela perguntou minha idade e , pra não dar uma de gato, respondi ... e acabou resultando num sonoro “TRIIIINTA anos...”, que ficou ainda ecoando no telefone... Talvez seja pra eu me convencer que não sou mais uma criança, e nem mais um “jovem”... Independente do caso, 30 anos é um marco na nossa vida, pra começar que antigamente marcava praticamente a metade da vida média de um ser humano, mas que já hoje marca praticamente um terço da vida média , se tiver sorte, claro... Além disso, ao completar 30, me sinto, antes que tudo, contrariando a estatística, se levarmos em conta que sou um rapaz de classe baixa que não fez parte de nenhum índice de mortalidade, tanto infantil como a de jovens , estando exposto a toda essa violência urbana e os perigos das drogas lícitas e ilícitas. Somente das estatísticas dos acidentes de trânsito que não consegui escapar, infelizmente. Apesar desse capítulo ruim, posso me vangloriar pelo menos de antes dos 30 , já fazer parte de uma pequena porcentagem nacional com nível superior completo. Não deixa de ser uma vitoria, né? O fato é que, dos 25 pra cá, os anos foram totalmente o contrario do que imaginava. Numa pessoa normal, dos 25 aos 30 anos ela é uma pessoa recém-formada, começando sua carreira,e já tem seu sustento, o que permite aproveitar varias coisas boas que a vida de adulto jovem permite. Pois bem, isso eu não tive em minha vida. Talvez isso que eu sinta real falta, e luto pra não ser um complexado, mas mesmo assim não deixa de ser duro encarar essa situação. Em contrapartida, a crise dos 30 anos , no meu caso, sinto que apareceu antes dos próprios 30. Talvez foi o próprio acidente que sofri que me amadureceu a ponto de ter sofrido essa crise com alguns anos de antecedência - e talvez mental e emocionalmente eu já seja um senhor de 40!(???) Quanto à minha condição física, pros que não sabem, ainda estou num suposto limbo, no que se refere à minha recuperação, e por isso até agora nada está definido. De fato, já evolui muito mesmo,mas pra poder andar com prótese e ter uma real autonomia e conforto, parece que terei ainda muito à percorrer. No momento estou esperando a consulta com os ortopedistas em março pra ver se é possível fazer alguma cirurgia na minha perna pra eu recuperar alguns movimentos, principalmente do tornozelo e dos pés, já que , na condição atual, não é possível eu andar na rua com prótese sem estar na constante iminência de cair, e muito menos sem suar em bicas... O futuro pra mim não foi nada como imaginava ou tinha planejado, mas não paro pra refletir sobre isso todos os dias, como sendo um fardo que diariamente eu carregasse. Prefiro encarar como , esse período pós acidente fosse uma prorrogação que o juiz (Deus) apitou, e por isso tenho a obrigação de dar tudo de mim pra, mesmo que nos pênaltis, saia com a vitória. E como já fizeram todas as substituições, não posso deixar o campo enquanto a autoridade máxima der o apito final... Mas, francamente, uma coisa que realmente me espanta muito nessa vida atual que levo é notar que aquela criançada toda que sujava fraldas enquanto eu curtia adolescência (ouvindo heavy metal, skate rock e hip hop) cresceu e hoje em dia conversa com a gente de igual pra igual, mas sem possuir as referências clássicas que a geração anos 80 possui. Claro que isso é um sinal natural dos tempos (e de que tô velho), mas... como assim eles não viram os programas do Bozo e do Balão Mágico? Biro Biro no Corinthians, Zico no Flamengo... Não presenciaram os áureos anos do rock brasileiro, com direito a Rock in Rio? Como assim eles nunca destruíram um controle de Atari ao jogar Decathlon? Sinto uma certa dó dessa geração que deve ter como referência de heróis, em vez de Jaspion e Changeman, os enlatados Power Rangers... Uma coisa que realmente não dá muito pra entender desses tempos modernos é que, cada vez mais ouvimos todos dizerem que o tempo anda muito mais rápido que o normal. Agora não sabemos se é a vida corrida que nos dá essa falsa noção ou se realmente as partículas atômicas que determinam o tempo estão mais aceleradas mesmo, e não passamos de meros reféns delas... Partindo desse pressuposto, creio que lá pra idos de 1995 que os anos começaram a passar um pouco mais rápido. Considerando que o tempo anda passando duas vezes mais rápido, posso levar em conta então que não envelheci 15 anos desde então, mas 7 anos e meio. Sendo assim, eu ainda to com 22 anos e meio agora. Por favor voltem em janeiro de 2010 pra me desejarem feliz 23 anos, tá? ;-) [abaixo, a foto do mais novo "gatão de meia idade", minutos após completar 30 anos...]
Postado por Antonio Bordallo às 5:16 PM
segunda-feira, setembro 21, 2009
[Especial] Andando para pegar o Diploma
Juramento do Estilista Como novo profissional de Moda, prometo: Dignificar o legado de todos os profissionais que se envolveram na criação e confecção de roupas até hoje e assim deram o sustento de suas famílias. Buscar sempre inovar e explorar novas formas e usos, promovendo assim à sociedade o fascínio pela novidade através de nossas criações. E assim manter viva a Roda da Moda, a evoluindo no mesmo ritmo, ou mais frente, que nossa sociedade , mas fazendo uso das referências bem sucedidas no passado. Além de toda essa história quanto ao traje e o juramento, outra coisa que meti na minha cabeça também foi que, mesmo com dificuldade, eu ia pegar meu diploma lá na frente ANDANDO! Não sabia nem como, mas ia dar meu jeito. Na fisioterapia da ABBR fiquei treinando bastante, subindo e descendo escadas e rampas, com e sem muletas ou apoios, até que , mesmo com a protese folgada, dei meu jeito pra ir assim mesmo. Uma coisa que eu não estava contando era que , esse mesmo terno para o qual eu já torcia o nariz ia influenciar bastante o meu andar. A começar pelos sapatos, que não são assim tão confortaveis quanto um tênis... A calça que, para pernas normais até que são confortavelmente folgadas, para encaixes de prótese provisórios o tecido na coxa fica esticado e quase implorando pra romper logo. E a camisa e o blazer formaram então uma dupla que deu super certo pra me limitar os movimentos, já que com eles eu não conseguia sequer levantar os braços e, já que estava contando com o apoio de uma muleta (pq eu sou maluco de andar com uma prótese folgada, mas não sou burro de andar sem apoio pra ficar me estabacando por aí...), e me senti o próprio Robocop indo pro casamento... O momento da saída de casa foi único. Nos quase 3 anos que eu moro nesse prédio, eu nunca tinha saído de casa e visto o chão daquela altura. A sensação real é como se eu estivesse usando aquelas lentes multifocais (que idosos usam hoje em dia) que parece mudar a altura das coisas de acordo com o ângulo que você olha pras lentes. Realmente é de deixar tonto principiantes como eu. Assim indo, passo pelo hall de entrada, que tem uns lances de descida de escadas (que é bem mais dificil que subida), o que fez que eu, muito sem jeito(ainda mais com o terno), lançasse mão do corrimão. O engraçado nessa parte foi que, justo no momento que estou vencendo os últimos degraus pra finalmente pisar na rua em si, o celular toca, e me encontro numa situação tão complicada , com muleta de um lado, corrimão no outro e calça apertando o celular no bolso, que eu tive que sumariamente ignorar o "triiiin-triiin" estridente. Era só eu atender o celular pra dar "alô" diretamente do chão. Andar na rua foi a experiencia mais "vida real" que eu tive ao andar com prótese. Já era de se esperar que as calçadas não seriam retinhas e niveladas como o chão da nossa sala, mas prum cadeirante a experiência chega a dar aflição, porque parece que com um sopro de vento mais forte você se desequilibra e desaba no chão. Apesar de ter me desestabilizado várias vezes, consegui não cair até o taxi chegar, e nunca tinha torcido tanto pra este chegar, pois minha chance de queda estava diretamente proporcional ao tempo que ele fosse levar pra chegar... Até aí, tudo beleza: taxi paradinho na minha frente, porta aberta pra mim, mas... COMO ENTRAR NUM CARRO??? Essa aula eles ainda não tinham me dado! Francamente, foi a coisa mais sem jeito que eu fiz no dia, nunca esperei que fosse tão complicado pra quem tem uma perna robô como eu... apesar disso, consegui entrar, e no mesmo "jeito sem-jeito", sair. Andar com prótese implica numas regras que só mesmo quem usa entende, e mesmo assim não sabe na teoria qual a lógica disso. Uma das coisas que eu aprendi é que subir escada é mais facil que rampa, e descer rampa é mais fácil que escada. São razões anatômicas que na prática eu posso explicar, e por essas razões, depois de 2 anos e meio só entrando no campus pela rampa, dessa vez optei por seguir o caminho pela escada. Foi algo meio único pra mim passar por aquele lugar que estava lá sempre, só que eu não explorava. Na verdade nem aproveitei tanto o momento, porque o foco mesmo era me agarrar no corrimão e ir subindo, coisa que, com o terno também não foi nada confortável... Foi um lancezinho de escadas, mas o sufuciente pra me fazer suar como se tivesse corrido alguns quarteirões antes de chegar lá. Apesar da vergonha que senti, tive que ligar o botão do "Foda-se" e seguir em frente, já que o formando lá da cerimônia era eu,né? =) Após encontrar com um querido colega de turma e saudar inclusive as ascensoristas que tanto me ajudaram nesse tempo todo, chego na escadaria do 5o andar que leva até o auditório da cerimônia. O que aconteceu foi quase o mesmo que na primeira escada, mas com um "extra", já que o projeto do prédio pareceu tão bem executado que, depois de subir um grande lance de escadas, ainda tem um outro lance pra descer. E pra descer, o estilo é desengonçado mesmo. Ai, eu mereço... Eu acho que a parte boa de tudo isso foi a reação das pessoas. Ninguém naquela universidade tinha me visto em pé, e muito menos andando... sem contar também que nunca tinham me visto de terno, mas essa parte eu confesso que também dispensaria... Um cena que ilustrou bem essa reação foi a de uma colega de turma que de longe me viu e veio correndo pra me dar um abraço. Foi uma das mais legais e verdadeiras ações que eu vi naquele dia,e só por ver a felicidade nos olhos dela em me ver assim posso dizer que já valeu a aventura de sair de casa andando. Ao seguir para o auditório, vejo que ao longe já tinha gente me olhando, não entendendo como aquele cadeirante tava chegando, andando que nem um pingüim... e o grupo de curiosos olhando foi aumentando à medida que me aproximava da porta. Nossa, pode até ter sido uma sensação legal, mas também me espantou,hehehe... A reação das pessoas foi de espanto e felicidade. Acho que por mais que quisessem, não esperariam me ver naquele momento lá andando, e surpreender a todos eles foi mais um dos meus planos que deu certo. ;-) Por causa da suposta falta de um juramento do estilista (digo, um juramento REAL, feito pensado nas características do ofício), procurei logo alguém da nova coordenadora do curso, pedindo pra ler em público o texto preparado. Prontamente disseram que não ia dar, que já havia um... e por isso tive que, bem a contragosto, deixar meu projeto na gaveta. Momentos depois, se inicia a cerimônia, com a execução do Hino Nacional que, depois da Vanusa, nunca mais foi o mesmo pra mim. E me segurar das lembranças da singluar apresentação da intérprete foi o grande desafio. Logo após, a propria coordenadora me surpreendeu, ao me chama para ler um texto em nome dos alunos. Confesso que nao entendi nada , principalmente pq. Foi ela mesmo guem tinha me vetado de falar lá na frente . De qualquer forma acabei indo lá e lendo o texto que tinha preparado para tal solenidade, que voces podem conferir abaixo: Promessas de um formando em Design de Moda -Prometo honrar o nome dos grande estilistas que fizeram a Moda ser o que é hoje, além de nossos professores e também as humildes costureiras que sustentam a família com essa atividade -Não permitirei de nenhuma forma a exploração do trabalho em quaisquer de suas formas -Como empregador darei sempre chances às pessoas que, assim como nós, fazem ou fizeram faculdade de Moda ou minimamente se dedicaram a algum curso do meio. -Não vou desviar para a indústria de falsificação ou criar uma marca com nome ou logotipo parecido com o de outras existentes -Poderei permitir o trabalho de modelos magras, mas com declarada restrição às anoréxicas. -Prometo aceitar criticas negativas e com elas aprender a se tornar um profissional cada vez melhor -Vou compreender exatamente quando chamarem uma cor de Tijolo, Areia ou Cerúleo, porém não serei pedante a ponto de usar esses termos com qualquer pessoa ou situação. -Quando pedirem minha opinião sobre alguma roupa, prometo dar minha opinião sincera, ou minimamente eufemística, omitindo o que achar conveniente, e somente sugerindo prontamente uma solução para o caso se me sentir apto para tanto. -Prometo não ter pensamentos leigos diante de uma peça conceito, me questionando se alguém usaria aquilo na rua, até porque já aprendemos todos os porquês disso tudo ao longo do curso. (E se você não aprendeu, por favor se matricule de novo agora!) Apesar disso, não consegui ler o Juramento , que acabou inédito , portanto só aqui mesmo que vocês podem conferir. Depois disso tudo então fui chamado pra pegar meu certificado e mais uma vez fui lá pra frente para pegar meu diploma andando. Podia ter sido ato normal,mas pra mim foi MUITO significativo eu ter ido lá e buscado. Eu mesmo e andando. Após isso entao a professora Marta Feghali se pronunciou para presentear os dois únicos formandos da cerimônia, já que todas as outras eram formandAs... No final da cerimônia ainda deu pra tirar uma "foto de família" junto da minha sobrinha e a grande motivadora e responsável por tudo isso, minha mãe: Com a missão de pegar o diploma andando cumprida, a missão agora era concluir o caminho de volta, o que também não foi fácil. Descer 1 andar de escada foi tão tenso que duas gotas de suor escorreram da minha face nesse caminho mínimo. Chegando à rua então até rolou convite de ir prum bar com as outras formandas, mas o que eu mais pensava naquela hora era de me livrar da armadura-paletó que eu tava usando, e isso só indo pra casa mesmo. Infelizmente. Pra minha noite não acabar em branco, acabei parando na Parmê aqui em frente ao predio e comendo um "pizza comemorativa" com minha sobrinha, Emanuelle. E foi esse meu dia especial. Agora a missão em questão, e que ainda não se concretizou, é a de arrumar um emprego na area de Estilo/ Criação de Moda. Passadas algumas semanas desde o evento narrado, posso dizer que pelo menos aqui no Rio de Janeiro, está bem difícil de achar algo,mas se levarmos em conta que anos atrás eu considerava que concluir uma Graduação antes dos 30 fosse um sonho distante e hoje estou justamente narrando isso... =) PS: mais fotos do evento nesse link aqui
Postado por Antonio Bordallo às 12:37 PM
sexta-feira, julho 31, 2009
Eu quero ganhar a rua!
Começando hoje mais uma sessão de passeio pela minha casa, minha mãe me perguntou porque eu não usava o andador, e eu lhe respondi bem taxativo que isso significaria dar 3 passos atrás no meu caminho evolutivo, já que a escala ascendente da minha reabilitação é : "Cadeira de rodas >> Andador >> 2 muletas e prótese >> 1 muleta e prótese e somente prótese". Tá bem que ainda ando bem inseguro no topo desse estágio evolutivo, mas já que eu tô justamente numa fase onde a graça é testar, experimentar funções novas, não descartei "brincar" com o andador.
Postado por Antonio Bordallo às 7:14 PM
quinta-feira, julho 30, 2009
Tirando uma marola
Postado por Antonio Bordallo às 4:40 PM
terça-feira, julho 28, 2009
mais um passo, agora na versão 2.0
Postado por Antonio Bordallo às 6:42 PM
UPDATE DO POST ANTERIOR
Acabou que no dia seguinte minha mãe pegou minha cadeira, subiu a r.Siqueira Campos e acabou encontrando algéum que fizesse a solda da estrutura. Deixou lá com ele cedinho e lá prumas 5 da tarde apareceu o moço aqui com a cadeira soldada e reforçada no local. A mera solda me custaram doloridos 80 Reais em cash, mas podia ser pior, né?
Postado por Antonio Bordallo às 6:39 PM
quarta-feira, julho 22, 2009
Sabotagem que estimula, mas dá um prejuízo...
Depois de uns quase 3 anos, minha cadeira de rodas dá sinais de que não aguenta mais o tranco. Uns vão dizer que é porque estou gordo, mas prefiro acreditar que, sem contar com os anos de uso, essa cadeira tambem não aguenta muito os lugares que vou e as façanhas que tenho que realizar pra chegar nesses lugares.
Postado por Antonio Bordallo às 6:19 PM
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